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ENTREVISTA À PUBLITURIS
Não é uma agência de viagens convencional, mas também não é um operador turístico tradicional porque não vende às agências de viagens. A PTL Tours, que tem a sua própria programação, trabalha 98% com grupos fechados. É neste sentido que o seu CEO, Luís Costa, carateriza a empresa que fundou, juntamente com dois sócios, como “um operador que vende ao público”. No entanto, há fortes probabilidades de vir a assumir-se como um operador turístico puro, enquanto pretende dinamizar o incoming.
Carolina Morgado
cmorgado@publituris.pt
PTL Tours pondera passar a operador e incrementar o incoming
Em 2019, Luís Costa, o irmão e um amigo criaram a PTL Tours, com loja no Parque das Nações, mas devido à pandemia doCovid, a empresa viria a ser reativada só no final de 2021. Com programação própria, a agência trabalha 98% com grupos fechados, então “temos uma série de circuitos em regime do tudo incluído, com guia acompanhante, para aquelas pessoas que gostam de viajar em grupo e não querem ter qualquer tipo de preocupações, embora exista a possibilidade de sermos operador turístico, mas é algo que temos de amadurecer”, declarou ao Publituris ocofundador e CEO da agência. Pela experiência que trouxe de um operador turístico especializado em viagens de grupos e no destino Açores que ajudou a fundar, em 2013, “a Madeira e os Açores são os nossos principais destinos e aqueles que conheço melhor”, referiu Luís Costa, para avançar que, entretanto, “no último ano lançámos uma série de destinos novos com destaque para a Turquia que é o nosso principal circuito neste momento, em tudo incluído, temos também a Suíça, a Sicília (e somos os únicos em Portugal a vender este destino desta forma), uma operação nos Países Baixos durante dois meses e meio com duas partidas por semana, por isso é que digo que, por tudo isto que temos, somos mais um operador do que uma agência convencional. O responsável explicou que “temos depois uma série de programas com cruzeiros da MSC que iniciámos este ano, e com a Royal Caribbean o ano passado, bem como um conjunto de programas mais pontuais em Portugal continental, com destaque para a EN2, que foi criado em 2020 em plena pandemia, quando não se podia sair para o estrangeiro. Foi um sucesso estrondoso e continua a ser, embora as pessoas tenham um pouco o complexo de fazer circuitos em Portugal”, esclareceu.
Produtos novos e aposta em destinos exóticos
Quanto ao futuro, Luís Costa aponta que “queremos criar alguns produtos novos nos Açores porque o destino começa a ficar cansado daquele circuito tradicional, ou seja, deixar de ser aquele circuito em tudo incluído típico em que as pessoas só andam de autocarro, para criar um mix, em que possam também fazer caminhadas, conhecer o arquipélago de uma outra forma. Pretendemos manter os mesmos circuitos, mas proporcionar experiências, ou seja, alguma aventura. Vamos fazer a mesma coisa em relação à Madeira”. Ainda quanto às ilhas portugueses, nos Açores a empresa tem apostado nas Flores e no Corvo, menos conhecidas até pelas dificuldades de acesso e reconhece que “começamos a ver que São Miguel é um destino que está cansado, a procura tem sido imensa e o mercado internacional descobriu os Açores e começo a bloquear a hotelaria e passou a ser difícil para o mercado português acompanhar, não só os valores como as disponibilidades. Vamos continuar sempre nos Açores, mas não com tantas datas de partida, não com tanta conjugação de ilhas”. Por sua vez, a Madeira “é também para manter, é um destino maduro, mas que apesar disso continua a ter muita procura pelo mercado nacional. Entretanto, também deparamos com o mesmo que está a acontecer nos Açores, ou seja, muita dificuldade para conseguir hotéis de qualidade e bem localizados, isso é para o mercado internacional”.
Proporcionar experiências com grupos mais pequenos
O objetivo da empresa, segundo o CEO, “é ter grupos cada vez mais pequenos e proporcionar outro tipo de experiências porque, com grupos grandes não é possível fazer isso, ou seja, com um autocarro de 53 pessoas, não conseguimos fazer grande coisa”. Nesse sentido, “a nossa programação vai passar por desenvolver novas temáticas dentro dos nossos circuitos tradicionais”, referiu. No que diz respeito mais ao longo curso, o empresário revelou que “vamos iniciar já este ano programação para a Índia Sri Lanka, Dubai e a Tailândia (para novembro)”, numa ótica de passar a trabalhar mais afincadamente estes destinos exóticos com grupos mais pequenos. “Será o nosso longo curso para além da Turquia e dos Fiordes de Noruega, que lançámos o ano passado e que foi um sucesso enorme”. Este ano, para os Fiordes da Noruega estão agendadas seis datas de saída, tendo assegurado que “estão praticamente vendidos. É um destino maduro no mercado português, mas para nós era novo, até pelos valores que estão envolvidos”. Para os destinos de praia, a PTL Tours dispõe de uma operação com alguma dimensão para as costas espanholas (sul de Espanha), designadamente, para La Manga, Benidorm e Matalascanhas. “O ano passado teremos colocado mais de mil pessoas em La Manga”, destacou Luís Costa, para realçar que “não é o tipo de produto que gosto mais de vender, mas vende-se imenso. Por incrível que pareça pensei que já ninguém queria fazer 15 horas de autocarro, mas as pessoas continuam a aderir a este tipo de produto porque é muito barato e são destinos com água muito quente no verão”. O responsável reconhece que “começámos pelo segmento médio/low cost e neste momento temos outro tipo de cliente que já procura outro tipo de produto, com mais qualidade e destinos claramente mais caros”. Por outro lado, “a nossa aposta é para os destinos mais exóticos e mais longe, com temáticas diferentes”, sublinhou.
Investimento na tecnologia
A força de vendas da agência é através das redes sociais, das suas newsletters e do seu site. “Posso dizer que grande parte das vendas nos chegam através do site e não tanto por termos porta aberta no Parque das Nações”, indicou. No entanto, “se continuarmos a crescer, tivermos que colocar mais colaboradores, é natural que tenhamos que procurar um novo espaço que será sempre na mesma zona”. A aposta não passa por uma segunda loja “até porque as nossas vendas chegam praticamente todas do online. As pessoas, pelo menos as mais velhas, reservam no site e na altura do pagamento gostam de vir à loja, e só uma vez, para ver, conhecer as pessoas com quem geralmente falam ao telefone ou com quem trocaram emails, a partir daí sentem-se seguras e não voltam. A grande vantagem de ter um espaço físico é essa: Dar um acompanhamento presencial às pessoas”, frisou o cofundador e CEO da empresa, que emprega seis colaboradores, e com possibilidade de entrar mais um durante este mês. “Este ano o objetivo é crescer”, sublinhou, para destacar que “a nossa preocupação imediata não é o lucro, mas criar uma quota de mercado, fidelizar ao máximo os clientes e conseguir novos clientes” e, conforme disse “o investimento que temos feito na empresa também vai nesse sentido, ao admitir novos colaboradores com enorme experiência”. Em relação ainda a investimentos, Luís Costa acentuou que “a tecnologia para nós é decisiva, e grande parte do investimento da empresa é feita no nosso website, que neste momento é autónoma, ou seja, o cliente entra, reserva, recebe uma confirmação da reserva, uma referência multibanco e nós não temos de intervir em nada. Cada vez mais pretendemos que o cliente se sinta seguro e possa fazer tudo de forma autónoma”. A agência de viagens encerrou o 2023 com um volume de negócios muito perto dos três milhões de euros e este ano a meta é ultrapassar os quatro milhões. A idade média dos clientes da PTL Tours até agora era acima dos 65 anos, pessoas reformadas e que viajam em época baixa. Hoje, “estamos a começar a chegar a um segmento diferente, de pessoas a partir dos 40 anos que era algo que raramente tínhamos nos nossos circuitos, a não ser nos de praia, com mais jovens que querem viajar para o sol e mar, mas barato”. O ano passado a agência teve mais de 120 grupos. Neste momento tem perto de 11 mil lugares de avião para este ano, porque “como continuamos sempre a trabalhar em novas datas, é preciso ter esse bloqueio de lugares para podermos vender”.
Garantia de um serviço de qualidade
E como é obvio, para lançar programação “temos de ter a garantia de todos os serviços que estão associados”, defendeu o responsável. Deu conta que “geralmente, os hotéis incluídos nos nossos circuitos são de quatro estrelas, embora na Turquia trabalhamos maioritariamente com unidades de cinco estrelas, como em Marrocos, mas se formos para o Norte da Europa um hotel de três estrelas já é ótimo. No entanto, a questão das estrelas em viagens de grupo muitas vezes não é o mais importante, nem a localização, porque as pessoas só vão ao hotel para jantar e dormir, mas, mesmo assim, temos muito cuidado na seleção dos hotéis”. Nestas coisas de viagens de grupo, Luís Costa dá muita atenção a três fatores fundamentais: “O autocarro que tem de ser de qualidade e o mais recente possível, os nossos guias, que são fundamentais e trabalhamos praticamente só com guias oficiais, e a hotelaria, principalmente ao nível da alimentação porque os portugueses para onde quer que vão gostam sempre de comer bem, está enraizado na nossa cultura. Temos muito cuidado e rigor na escolha dos nossos parceiros”, defende. Esclarece ainda que “o nosso procedimento é muito simples: Temos uma pessoa que recebe o grupo no aeroporto, que lhe entrega o boarding pass e uma pasta com a documentação e depois temos um guia que acompanha todo o circuito. Independentemente de termos ou não guias locais no destino, o nosso guia está sempre presente e, isso é válido para qualquer dos destinos. Para nós é uma segurança. Sabemos que o tipo de cliente que temos aprecia muito este acompanhamento”. Por outro lado, a agência, embora ainda de forma residual, traz turistas estrangeiros para Portugal, mas “o objetivo é, este ano, dar um salto na área do incoming, e em 2025, ser uma aposta claríssima em que esperamos que possa corresponder a 50% das nossas vendas. Primeiro, vender o destino Portugal, e depois conjugar Portugal com Espanha e França. Temos os contactos já realizados, temos alguns clientes, nomeadamente, do Brasil, América Latina, EUA, e está tudo assegurado para que seja uma operação de sucesso”, salientou o CEO da empresa. Recentemente, a PTL Tours aderiu ao grupo Airmet. A este propósito, Luís Costa avançou que “e importante pertencer a um grupo de gestão mesmo nas condições em que trabalhamos, não estando tão dependentes dos outros operadores turísticos, fator que um grupo de gestão trás mais-valia para uma agência, por isso é que o nosso acordo com a Airmet não tem rappel, porque aquilo que vendemos de outros operadores é residual, mas mesmo assim, é muito importante ter alguém que nos possa ajudar ao nível das formações, das informações, com a parte legal, ou seja, dá-nos um apoio interessante. Entrámos no verão do ano passado e estamos extremamente satisfeitos”. A possibilidade de a PTL Tours vir a tornar-se operador turístico “passa também pelo apoio que a Airmet nos possa dar nesse sentido”, confidenciou. “Este ano não conseguimos porque a markup que coloquei nos programas era para vender ao público e não para dar comissão à agência, mas vamos amadurecer a ideia e é provável que isso venha a acontecer em muito breve prazo, porque acho que há uma lacuna no mercado por este tipo de produtos que oferecemos”.
Oferecer uma viagem inesquecível é o lema
Em jeito de conclusão, Luís Costa assegura que “queremos cada vez mais apostar na qualidade, por isso quando falo em reduzir o número de participantes em cada grupo é também com esse objetivo, ou seja, passar de um segmento low cost para o médio-alto, é aí que nos queremos posicionar, que as pessoas nos procurem pela qualidade e não tanto pelo preço. Oferecer sempre uma viagem inesquecível é o nosso lema. Grande parte dos nossos clientes já conhecem os nossos destinos âncora, por isso já procuram outro tipo de destinos, outro tipo de experiências, porque o cliente quanto mais viaja, mais experiências vai tendo e mais difícil é de ser surpreendido, portanto temos de apostar sempre em programação nova. No turismo já não há nada para inventar, mas há ainda alguma coisa que se pode fazer de diferente”.
Publituris, 02 de Fevereiro de 2024
Nº 1504